“Aplicativo vai mostrar aos condutores corporativos qual o melhor modal e automatizar processos de locação de veículos, carpool, carsharing e utilização de transportes alternativos”
Se você olhar para trás e analisar o cenário da gestão de frotas no Brasil e no mundo, verá nitidamente mudanças a um ritmo significativo. Os negócios, as política, a cultura e os valores dentro das companhias estão todos em constante evolução e a busca por se fazer mais com menos, por recursos alternativos e pela sustentabilidade na gestão de frotas exigem novas abordagens. As pessoas agora vivem, trabalham, se comunicam e se locomovem de novas maneiras e, para ser competitivo, os negócios precisam ser mais inteligentes e mais eficientes.
Locação ou aquisição da frota, escolha dos carros e forma de utilização da mesma são soluções que também precisam se adaptar. Eles foram desenvolvidos em uma época em que os recursos eram abundantes e uso ineficiente dos ativos era aceitável, simplesmente porque não havia alternativas ao gestor de frotas. Hoje, com o tempo, dinheiro e recursos restritos, as organizações precisam trabalhar duro para manter sua frota em curso. Como resultado dessa nova realidade, estratégias tradicionais dão lugar a abordagens que enfatizam a flexibilidade e a eficiência. E mobilidade corporativa é a palavra de ordem para descrever essas soluções de custo-benefício, de frota integrada e de soluções de viagem.
Eduardo Bortotti, gerente de Planejamento e Performance da
Enel, tem vivenciado na prática essas transformações. Estimulado pelo antigo presidente da empresa, que diariamente enviava fotos do pátio ao time de frotas alertando sobre a ociosidade dos veículos, Bortotti criou um aplicativo que mostra aos condutores corporativos qual o melhor modal para realizar determinado deslocamento, além de automatizar processos de locação de veículos, carpool, carsharing e utilização de transportes alternativos. “O usuário diz quando e para onde ele vai, se pretende retornar ao endereço de origem e se mais alguém vai com ele. Ao solicitar a viagem, o aplicativo calcula todos os modais disponíveis e, além de dizer qual é o melhor, já emite a reserva do carro ou da locação”, explica o gestor.
Outra função do app é sugerir o compartilhamento entre pessoas que vão, em um mesmo horário, para destinos próximos. E, para um futuro breve, o projeto deve integrar com plataformas corporativas de mobilidade, como a 99, por exemplo, e também com o transporte público. “Além disso, já queremos lançar com a possibilidade do usuário utilizar o app para deslocamentos pessoais, com sugestões de modais mais eficientes e econômicos”.
Como nascem as boas ideias
Para chegar à ideia do aplicativo, foi preciso abrir espaço para o novo e trabalhar bastante para organizar o departamento, que, na época, contava com 1,6 mil ativos, entre carros e caminhões. “Quando o presidente lançou o desafio para assumir a frota e trazer resultados, a área tinha um custo elevadíssimo para empresa, não tinha base de dados, não tinha gestão e nenhum indicador era confiável. Realmente o cenário estava caótico”, conta o Bortotti.
O primeiro passo foi realizar um inventário da frota da
Enel e reorganizar as funções do departamento, que reduziu de 23 para 11 analistas. “Comecei a analisar o quanto ineficiente eram os nossos deslocamentos. Tinha viagens de táxi por 400 reais dentro de São Paulo, sendo que a diária de um veículo é 150 reais. Então, começamos a olhar para oportunidade e foi quando eu rabisquei o projeto: a decisão do melhor modal não podia estar na mão das pessoas, simplesmente porque esse não é o papel delas. Eu precisava simplificar a vida de quem precisa se deslocar no trabalho”.
Para convencer a presidência a investir no projeto do aplicativo, não foi difícil. Em uma análise conservadora, o projeto previa um potencial de pelo menos 20% de compartilhamento de viagens entre pessoas que se deslocavam para destinos próximos nos mesmos horários. Além disso, seria possível eliminar pelo menos 100 veículos da frota da Enel e reduzir de 60 para 35% a ociosidade dos carros. “Comprovamos que o saving seria de 3 a 4 vezes maior que o investimento no aplicativo”, conta Bortotti.
O sol é para todos
Para desenvolver o aplicativo, Eduardo conta que a premissa básica era de que o produto não deveria ser de propriedade da Enel. “Buscamos um parceiro que enxergasse o projeto como uma possibilidade de negócio e pudesse vender para outras empresas frotistas. Isso é interessante para a gente, porque o desenvolvedor vai continuar investindo na atualização do aplicativo, e novas empresas vão identificar novas demandas que pode ser interessante para todos”, explica o gestor.
Após um workshop para explicar o projeto com 16 potenciais fornecedores, entre desenvolvedores de aplicativos, empresas de gestão de frotas, de software, entre outros segmentos, a startup escolhida pela Enel foi a Mobicity, que desde então tem trabalhado incansavelmente junto com a equipe de Eduardo para lançar o produto para o mercado. “A Mobicity tem sido um grande parceiro e foi escolhida especialmente por sua proximidade com o tema mobilidade. Estamos finalizando a fase de homologação e, em breve, o aplicativo vai estar disponível para todos”, conclui o gestor.
💡 Loraine Santos