
Nos artigos anteriores, falei sobre a sinistralidade rodoviária em geral e da importância de trabalhá-la na sua organização; sobre o diagnóstico ser uma tarefa essencial para poder preparar um Plano de Ação; e sobre o papel que todos nós temos na construção desse Plano, criando uma Cultura de Segurança que deve estar presente em tudo o que esteja ligado à Segurança Rodoviária.
Hoje, vamos abordar um aspecto fundamental: a preparação dos condutores.
E começamos por questões muito simples: os veículos são todos iguais? Os condutores têm as mesmas capacidades e formação?
Sabemos todas essas respostas, certo? Tudo é diferente, por isso não faz sentido algum comprar uma formação standard e aplicar de forma igual a todos os condutores.
Temos que considerar formação para veículos diferentes – e em todas as fases da sua vida: no momento da entrada na frota (apresentação de novos veículos) e reciclagem, se necessário.
Temos que considerar formação para condutores diferentes – e também em fases diferentes de experiência: na entrada na empresa (podendo diferenciar condutores com experiência ou iniciantes), formações específicas durante a sua vida profissional, treinamento especial para condutores com mais acidentes, e assim por diante.
Ah! Não podemos esquecer das chefias operacionais, é muito importante que eles também sejam treinados para, depois, poderem aplicar as regras com convicção e assertividade.
A monitorização regular da sinistralidade é importante para identificar necessidades de melhorias pontuais (por exemplo, veículos com maior número de acidentes, ou condutores com mais infrações).
Os conteúdos devem ser preparados para a realidade da sua empresa, para aquele tipo de trabalho, para a sinistralidade mais frequente, etc. Esta “customização” para cada caso é essencial e dar a mesma formação sempre é um erro muito frequente nas frotas.
Naturalmente, nem todas as organizações têm meios para preparar esta formação. Mas o importante é definir muito bem as necessidades e trabalhar com os especialistas de formação na preparação e implementação destas ações.
Agora, uma palavra final sobre o modo de desenvolvimento: presencial, autoestudo, e-learning, sensibilização em cartazes, pequenos filmes, tudo é importante e tem o seu espaço. Mas deve ser pensado para as características da sua frota e as condicionantes dos seus condutores. Estão sempre fora? Envie por mail, SMS, WhatsApp, mensagens de sensibilização, e indique onde ele pode ver toda a informação!
E no fim, controle. Crie mecanismos de verificação e avaliação dos conteúdos!
Com longa carreira profissional nos transportes, na gestão de frota e na segurança rodoviária, ele atuou em diversos projetos nestas áreas, incluindo a racionalização de energia nos transportes e veículos com combustíveis alternativos. Além disso, coordenei o projeto europeu FREVUE nos CTT (de veículos elétricos de carga em logística urbana financiado pela UE). José Guilherme foi premiado duas vezes pelo PARAR Awards: em 2017, que reconheceu o excelente trabalho com a frota que realizava nos Correios de Portugal; e em 2019, na categoria “Gestor com Propósito”. Atualmente, José Guilherme é responsável pela Segurança Rodoviária e Racionalização de Energia da Frota dos CTT (os Correios de Portugal).
José Fernando Guilherme
(diretamente de Lisboa, Portugal)