
Depois do nosso post sobre custos da sinistralidade rodoviária em Portugal (e num momento de escalada de preços do combustível), tive a curiosidade de fazer um pequeno exercício de estimativa do ganho da eficiência energética nos transportes, mas agora no Brasil.
Sabemos que a área de transportes é uma grande consumidora de energia no Brasil, consumindo, anualmente, cerca de 114 bilhões de litros de combustível, segundo a ANP Brasil. É um número com muitos dígitos, 12 para ser mais exato.
Fazendo uma estimativa diária, estamos falando de um consumo de mais de 313 milhões de litros (quase 18 vezes mais que Portugal) sendo necessários mais de 10 mil caminhões cisterna para a sua distribuição.
Mas, também sabemos que podemos aumentar a eficiência energética com várias medidas.
A primeira delas depende de todos nós. Ao praticar uma condução econômica e eficiente, poupamos o bolso (em combustível e no desgaste do veículo) e reduzimos o impacto ambiental. De acordo com a International Energy Agency (IEA), esta medida pode ajudar a reduzir o consumo de combustível entre 6% e 12%.
Outra medida que depende de nós é a manutenção adequada que assegura a eficiência do motor e uma pressão adequada dos pneus. Mesmo para os consumos mais baixos. Neste âmbito, podemos evitar aumentos de 10% a 20%.
Podemos também reduzir a velocidade, uma hipótese em discussão em vários países. Também de acordo com a IEA uma redução de 10 km/h na autoestrada ajuda a poupar 11% do consumo de combustível. O próprio planejamento da rota, no percurso e no momento da condução, pode ajudar a reduzir significativamente o consumo, o tempo de viagem, além do próprio stress.
E quando falamos de grandes frotas empresariais?
Uma gestão eficiente de frota tem impacto em vários aspectos. A otimização dos recursos, a escolha de veículos mais eficientes, condutores mais eficientes, sistemas de informação consolidados e uso de telemetria, tudo isso resulta em ganhos expressivos (além dos ganhos em segurança rodoviária já abordados anteriormente).
A implementação desses processos podem trazer a redução do impacto ambiental e redução de custos. Isso sem falar de outras iniciativas como a política de mobilidade urbana, trabalho remoto, ações de segurança de cargas, entre tantas outras, em que há ganhos significativos.
Numa época de forte tendência para a eletrificação das frotas, deixo uma pergunta que me parece óbvia:
“Por que não dar mais foco à eficiência energética dos veículos convencionais que já existem?”
E sugiro duas análises que me parecem muito interessantes:
- Avaliar a eficiência energética da frota, não só a mais antiga, mas também a mais recente.
- Avaliar o perfil de condução dos colaboradores. Pode ser que muitos estejam praticando uma direção perigosa, sem que isso seja notado.
A consulta de muitos casos permite estimar uma economia média de 11% nos consumos, entre outros possíveis ganhos. Mas no total, acredito que podemos considerar um valor mais correto de 15%.
Agora vamos imaginar o que isto representaria no Brasil com uma frota enorme: a redução no consumo de 47 milhões de litros por dia, com um custo significativo diário e anual.
E se pensarmos em segurança rodoviária e eficiência energética nos transportes o valor total é impressionante.
Acreditem que vale a pena pensar em segurança rodoviária e eficiência energética!
Segurança Rodoviária e Eficiência Energética, CTT Correios de Portugal